DO SOL, DE VERDE.

DO SOL, DE VERDE.

Carmen Fossari

Olho a varanda
Inda que tímidos os
Raios d sol
Brincam de tocar aos vasos
Neles as plantas brincam de florescer
Um vermelho nas pétalas
Ao lado lilases e não mais cores
O inverno é para sermos como ursos
Pensam as flores.
E acabam sendo dadivosas
Deixam-nos os verdes
Aquarelando os concretos frios
Sobrepostas casas penduradas ao céu
Por fios de aço
Com janelas que esqueceram de olhar
As luas, todas as fases.

A rua escancara luminosidade
E o coração acelera por que
Agora dadivoso o sol abraça todo o corpo
E esquenta a saudade nascida
E faz a alma dançar
E no breve segundo
Transforma ao redor o concreto
Em árvores belas
Florestas
E já somos multidão

Escutando o canto
Entoadas loas
De almas e mistérios
De amor correndo
Da vida em milagre escorrendo
Aos veios do sangue verde
Auscultado o espírito de todas as árvores
Que habitam no silencio do mistério.

II

E agora é o centro do mundo
Na imagem de um pequeno raio de sol
Que transpassou na cidade
Varou a selva de concreto
E trouxe a infinda saudade
Da alma inteira da floresta dos verdes
Devastados verdes findos
Incógnita do amanhã


III

Ninguém conseguirá desvendar
Amanhã será o que há de ser
Seiva das árvores na multidão
Que habitam o mistério da vida
Pouco importa o amanhã
Hoje o sol aquece o verde
Rebrilham as gotas d, água.
Ainda haverá madrugada
Todos estes vultos concretos
Vagueiam ao sono
De sonolentas pessoas

A noite recorta vultos geométricos
Escondem a lua, mas abrigam tantos ninhos
A floresta de concreto zune os ventos
Que as almas das árvores querem voltar.


IV
Lorca já o tinha dito:
Verde que te quero Verde.


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